Cidadãos do Infinito




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02/07/2012
CARIDADE FRATERNA
A prova da caridade são as obras


Santa Isabel da Hungria

              Não é com meros sentimentos nem com palavras que haveremos de socorrer e assistir a nossos irmãos nas suas múltiplas necessidades.
Importa conhecer essas necessidades. Assim atenderemos a cada qual segundo o seu valor, orientando nossas ações para a suprema preocupação da caridade, que é o amor de Deus, sem nos esquecermos de que muitas vezes é o corpo o melhor caminho para atingirmos as almas.

Obras de misericórdia

1. As CORPORAIS são:

1º dar de comer a quem tem fome: “Tive fome e me destes de comer” (Mt. 25, 35).

A viúva dá a Elias o último punhado de farinha que lhe resta, e Deus a recompensa com fartura (3 Reg. 17, 12-16). S. Domingos (4 de agosto) dá aos pobres os últimos pães que havia no convento. Ainda criança, Santa Rosa de Viterbo (4 de setembro) dava aos pobres o pão da merenda.

2º dar de beber a quem tem sede: “Tive sede e me destes de beber” (Mt. 25, 35).

“E todo o que der a beber a um daqueles pequeninos um copo d’água fria, por ser meu discípulo, na verdade vos digo que não perderá a sua recompensa” (Mt. 10, 42). Rebeca dá de beber ao servo e aos camelos de Abraão (Gn. 24, 15-20).

3º Vestir os nus: “Estava nu, e me vestistes” (Mt. 25, 36).

Tobias dava roupas aos seus parentes pobres (Tb. 1, 20). S. Martinho corta a metade do manto para dar a um pobre, e à noite Jesus lhe aparece vestido naquele manto (11 de novembro).

4º Remir os cativos.

S. Felix de Valois (20 de novembro) funda a Ordem dos Trinitários para a remissão dos cativos.

5º Visitar os enfermos e encarcerados: “Estava enfermo, e me visitastes; no cárcere, e viestes ver-me” (Mt. 25, 36).

S. João de Deus funda uma Ordem para cuidar dos enfermos (8 de março). Os hospitais católicos. S. Tomás de Vilanova com o dinheiro que lhe davam, ainda criança, comprava ovos para levar aos doentes (23 de setembro).

6º Dar pousada aos peregrinos: “Era peregrino, e me acolhestes” (Mt. 25, 35).

S. Paulo manda não esquecermos a hospitalidade (Hb. 13, 16). A Regra de São Bento manda hospedar no mosteiro os peregrinos. Raquel hospeda Tobias com alegria (Tb. 7, 1).

7º Sepultar os mortos.

Tobias enterra os mortos, com sacrifícios ousados (Tb. 2, 3-9). Davi felicita os que sepultaram a Saul (2 Reg. 2, 5). José de Arimatéia sepulta a Jesus (Mt. 22, 60). Os cemitérios paroquiais. As encomendações. Acompanhar os enterros, por espírito de caridade.

2. As ESPIRITUAIS são:

1º Dar bom conselho.

S. João Batista aconselha Herodes a abandonar o pecado (Mc. 6, 18). Por uma boa conversa se pode levar uma alma a Jesus. (Ver Jo. 1, 40-51; 4, 39-42). (Que oportunidades lhe aparecem para dar bons conselhos?).

2º Ensinar aos ignorantes. Jesus manda aos apóstolos: “Ide e ensinai” (Mt. 28, 19).

Os pregadores e catequistas. As Congregações ensinantes. As Missões entre os infiéis.

3º Corrigir os que erram: “Se teu irmão pecar contra ti, corrige-o” (Mt. 18, 15). Natan corrige a Davi, quando este pecou (2 Reg, 12, 7-12).

4º Consolar os aflitos: “Vinde a mim todos os que trabalhais e estais sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt. 11, 28).

(Procurar passagens do Evangelho em que Jesus consola os que sofrem). “Visitar os órfãos e viúvas nas suas tribulações” (Tgo. 1, 27). S. Camilo de Lelis funda uma Ordem para socorrer os moribundos (18 de julho).

5º Perdoar as injúrias: “Perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém” (Mc. 11, 25).

Generosidade de Davi para com Saul (1 Reg. 24, 4-8 e 26, 6-12). E os nossos interesses estão em jogo: “Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”...

6º Sofrer com paciência as fraquezas do próximo.

A paciência nos é necessária (Hb. 10, 36) e precisamos revestir-nos dela (Col. 3, 12) para suportarmos os outros – mesmo porque precisamos também ser tolerados por eles: “com paciência, suportando-vos uns aos outros por caridade” (Ef. 4, 2). (Quais as fraquezas do próximo que mais me custa suportar? Como fazer para vencer-me?).

7º Orar pelos vivos e defuntos.

Abraão pede a Deus pelos habitantes de Sodoma (Gn. 18, 22-32). Moisés pede pelos israelitas (Ex. 32, 11-14). Jesus reza por São Pedro (Lc. 22, 32), pela Igreja (Jo. 17, 20-26). Judas Macabeu ora pelos soldados mortos (Mac. 12, 42-46). – Lição da Missa de aniversário dos defuntos. O rosário e a conversão dos albigenses.

            A esmola

1. A esmola envolve grande parte das obras de caridade corporal. É em si mesma um preceito da lei natural.

2. É um preceito da lei divina. E não simples conselho. É obrigação, que pode ser grave, mesmo gravíssima, ainda com grande incômodo e dano de quem dá.

O mau rico foi condenado ao inferno por negar a Lázaro os seus sobejos (Lc. 16, 19-23). E no dia do juízo muitos serão por isto condenados: “Afastai-vos de mim, malditos...porque tive fome e não me destes de comer” (Mt. 25, 41). Na Lei Antiga já tinha sido mandado por Deus: “Eu te ordeno que abras a mão a teu irmão necessitado e pobre” (Deut. 15, 11).

3. A doutrina da Igreja tem sido constante a este respeito.

S. Jerônimo adverte que o supérfluo não nos pertence. S. Agostinho diz mesmo: “O supérfluo do rico é necessário ao pobre; retém o alheio quem o retém”. S. Ambrósio increpa os ricos: “Um homem pede pão, e teu cavalo tem arreios de ouro!”

Regras da esmola

1. Regra geral: A esmola deve ser de acordo com a condição de quem dá e a necessidade de quem pede. Simples na teoria, é regra bem difícil na prática:

a) Somos obrigados a dar do supérfluo. O supérfluo é o que sobra do necessário à nossa existência (alimento, roupa, habitação) e ao nosso estado ou condição social(empregados, hóspedes, visitas, decência condigna).
b) A necessidade de quem pede pode ser:
1) extrema: morre, se não for socorrido;
2) grave: corre um grande perigo corporal ou moral;
3) comum: a dos mendigos em geral.

2. Regras particulares:

1ª Na extrema necessidade somos obrigados a dar o suficiente para socorrer a pessoa no momento, mesmo tirando do necessário ao nosso estado;
2ª Na necessidade grave somos obrigados a dar do mesmo modo, mas não com grave detrimento nosso;
 3ª Na necessidade comum, só do supérfluo somos obrigados a dar, e não a todos os necessitados.

3. Como se deve dar:

a) Por amor de Deus, vendo a Jesus no próximo: “Quantas vezes fizestes ao menor dos meus irmãos, a mim foi que fizestes” (Mt. 25, 40). Somente feita por amor de Deus, a esmola é caridade.
b) Por amor do próximo e, portanto, sem humilhar quem pede, sem se mostrar aborrecido em dar; sem constrangimento, mas com prontidão (2 Cor. 9, 7), sem ostentação(Mt. 6, 3). O modo de dar, às vezes, é mais caridade do que a esmola. Dando esmola por amor, teremos cuidado de não favorecer o vício, como nos adverte São Vicente de Paulo.
c) Com generosidade. Há pessoas que nunca têm supérfluo... Guardam tudo com ambição crescente. Mas, na verdade, a melhor esmola é a que sai do nosso necessário, como o óbolo da viúva, louvado de Jesus (Mc. 12, 43-44).

            Para viver a doutrina

1. Tudo o que fizermos aos nossos irmãos, com os olhos na terra, na terra há de ficar. “Já receberam a sua recompensa”, disse Jesus (Mt. 6, 2). Tenhamos sempre em mira o amor de Deus, para encontrarmos tudo na eternidade.

2. É de muito valor a caridade corporal. Cristo mesmo a exerceu tantas vezes, curando enfermos, saciando famintos. A Igreja, em todos os tempos, se tem preocupado das necessidades corporais dos homens. Nisto ninguém lhe leva a palma.

3. Quando se trata de obras difíceis, contínuas, humildes, ninguém lhes mete ombros senão só os bons filhos da Igreja. Hospitais, leprosários, orfanatos, creches, etc., obras penosas, são mantidas por instituições eclesiásticas. Das mais notáveis invenções da caridade cristã são as Conferências Vicentinas, com sua visita semanal à casa dos pobres. E tudo feito em silêncio, por amor de Deus e do próximo.

4. Há obras de caridade corporal que todos podemos fazer com facilidade.

Uma pequena esmola, dar roupas usadas, visitar os doentes mesmo desconhecidos de um hospital, um pequeno serviço – são ações acessíveis a qualquer de nós. E não nos faltará ocasião. (Que obras de misericórdia corporal pode v. fazer?).

5. Mas as obras espirituais são muito mais importantes. Veremos o nosso irmão errar? Temos o dever de impedir o pecado, afastando-o da ocasião próxima. É a correção fraterna ocasião freqüente de muitos benefícios espirituais ao próximo. (Que ocasião tem v. de praticá-la?).

6. Obra que merece grande dedicação é a instrução religiosa das crianças e das pessoas mais abandonadas. Muitos se perdem no protestantismo e no espiritismo, ou não praticam a Religião, ou a misturam com superstições, por não conhecerem o Catecismo. Devo ajudar ao Vigário no ensino religioso. Mesmo em conversas posso esclarecer muita coisa, retificar, dando a verdadeira doutrina da Igreja. É esmola muito mais valiosa do que o dinheiro. Sem isto, muitas pessoas se perderão eternamente.
 
7. Há ricos mais precisados da nossa caridade do que os pobres de esmolas. Há corações aflitos, que podemos consolar com uma palavra, uma visita, um bom conselho. Num momento de dor é grande conforto sabermos que os amigos sofrem conosco, rezam por nós, não nos abandonam. E não faltam ocasiões de praticarmos esta caridade.

8. Grande caridade é rezar pelo próximo. Quantos males podemos evitar, quanto bem fazer com a oração. Temos um tesouro na assistência à santa Missa aplicada por todas as necessidades. Ouvir, ou ainda melhor, mandar celebrar a Missa pelas intenções do próximo, é grande caridade, que ainda praticamos pouco. Nesta caridade não esqueçamos principalmente as almas do purgatório e os pecadores.

9. Acostumemo-nos, desde agora, a dar do pouco que temos. Além dos outros benefícios, a prática da esmola vai corrigindo nosso demasiado apego aos bens terrenos e os excessos do nosso egoísmo. Orientemos também, desde agora, nossos donativos para as obras de caridade espirituais (Missões, Boa Imprensa, O. V. S., Bom Pastor, etc.), em geral tão desprezadas e esquecidas.




(O Caminho da Vida, pelo Pe. Alvaro Negromonte. 15ª edição. Pgs. 203-210).




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