Cidadãos do Infinito




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15/01/2012
PUREZA SACERDOTAL
O mundo escarnece dos puros


Quando o Filho do Homem voltar acaso encontrará fé sobre a terra: 

(Por Antonio, um professor de Portugal).
 
Conta Maria Valtorta: Vejo Jesus que caminha ao longo da faixa verde que custeia o Jordão. Ele voltou mais ou menos ao lugar onde vi o seu batismo. É perto do vão do Jordão, que parece que era muito conhecido e freqüentado para passar-se à outra margem em direção à Pereira. Mas o lugar, antes povoado, agora parece quase deserto. Só algum viajante, a pé ou montado em jumentos ou cavalos, é que o percorre. Jesus parece nem perceber isso. Ele prossegue por sua estrada, subindo novamente para o norte, como que absorto em seus pensamentos. Ao chegar à altura do vão, encontra-se com um grupo de homens de diversas idades. (..)
 
João se aproxima: "A quem estás procurando?", pergunta Jesus. “A ti Mestre". "Como sabes que eu sou mestre?" "Foi o Batista que me disse". “E porque me chamas Cordeiro?" "Porque ouvi ele indicar-te assim, quando ias passando, há pouco mais de um mês"."Que queres de mim?" "Que nos digas as palavras de vida eterna, e nos consoles""Mas, quem és tu?" "João de Zebedeu, sou eu, e este é Tiago, meu irmão. Somos da Galiléia. Somos pescadores. Mas somos também discípulos de João. Ele nos dizia palavras de vida, e nós o escutávamos, porque queríamos seguir a Deus e, com a penitência, merecer o seu perdão, preparando os caminhos do coração para a vinda do Messias. Tu o és. João o disse, porque viu o sinal da Pomba pousar sobre Ti. E a nós ele disse: "Eis o Cordeiro de Deus". E a Ti eu digo: "Cordeiro de Deus, que tiras os pecados do mundo, dá-nos a paz, porque não temos mais quem guie a nossa alma turvada".(...)

Jesus comenta: O grupo dos que me haviam encontrado era numeroso. Mas só um me reconheceu. Aquele que tinha a alma, o pensamento e a carne limpos de toda a luxúria. Insisto no valor da pureza. A castidade é sempre fonte de lucidez de pensamento. A virgindade purifica, além disso, e conserva a sensibilidade intelectiva e afetiva, aperfeiçoando-as, o que só pode ser experimentado por quem é virgem. Virgem se pode ser de muitos modos. De modo forçado, e isto especialmente com as mulheres, quando não foram escolhidas para o casamento. Assim devia ser também com os homens. Mas não o é. E isso é mal, porque de uma juventude precocemente conspurcada pela libidinagem não poderá sair nada mais do que um chefe de família doente em seus sentimentos e, frequentemente, também em seu corpo.
 
Há uma virgindade desejada, ou seja, aquela dos que se consagram ao Senhor, num impulso de vontade. Bela virgindade! Sacrifício agradável a Deus! Mas nem todos sabem permanecer naquele candor de lírio que está firme em seu pedúnculo, estendido ao céu, sem conhecer a lama do chão, aberto somente ao beijo do sol de Deus e de seus orvalhos.


Muitos permanecem fiéis, materialmente, ao voto feito. Mas infiéis em seu pensamento, que lamenta e deseja aquilo que eles sacrificaram. Estes são virgens só pela metade. Se a carne está intacta, o coração não está. Seu coração fermenta, ferve, exala fumaças de uma sensualidade, tanto mais refinada e reprovada, quanto mais ela foi sendo criada por um pensamento que acaricia, alimenta e aumenta continuamente imagens de satisfação ilícitas, até para quem está livre, e mais para quem está consagrado por votos a Deus.

Aparece então, a hipocrisia do voto. Em aparência, ele existe, mas de fato em substância, não. E, em verdade, eu vos digo que, entre quem vem a Mim com o seu lírio despedaçado pela imposição de um tirano e quem vem com o seu lírio não materialmente despedaçado, mas coberto pela baba, pelo transbordamento de uma sensualidade acariciada e cultivada, para poder encher com ela as horas de solidão. Eu chamo de "virgem" ao primeiro, e de "não virgem" ao segundo. Ao primeiro dou a coroa de virgem e uma dupla coroa de martírio: uma pela carne ferida; e outra, pelo coração ferido por uma mutilação não desejada.

O valor da pureza é tal, que, como viste, Satanás se preocupa, em primeiro lugar, em convencer-me a que me entregue à impureza. Ele sabe bem que a culpa da sensualidade desmantela a alma e a torna presa fácil das outras culpas. Todo o trabalho de Satanás se concentrou neste ponto capital para me vencer. O pão, a fome, são as formas materiais que simbolizam o apetite, os apetites de que Satanás procura tirar proveito para os seus fins. Bem outro era o alimento que ele me oferecia, para fazer-me cair como um bêbado aos seus pés! Depois, teria vindo a gula, o dinheiro, o poder, a idolatria, a blasfêmia, a abjuração da Lei Divina. Mas o primeiro passo para conquistar-me era esse. O mesmo que usou par ferir Adão.

O mundo escarnece dos puros. Os culpados de lascívia os golpeiam. João Baptista é uma vítima da luxúria de dois obscenos. Mas, se o mundo tem ainda um pouco de luz, isto se deve aos puros que ainda há no mundo. São esses os servos de Deus, que sabem compreender a Deus e repetir as palavras de Deus. Eu disse: "Felizes os puros de coração, porque verão a Deus". Mesmo nesta Terra, eles, cujo pensamento não é perturbado pela fumaça da sensualidade, é que "vêem" a Deus o ouvem, o seguem, e o indicam aos outros.

João, filho de Zebedeu, é um puro. É o puro entre os meus discípulos. Olha bem qual é o poder da pureza. João, o puro, foi o primeiro, entre todos os apóstolos, a livrar-se das garras do demônio no Getsêmani e voltou logo para perto do seu Jesus e o compreendeu naquele mudo desejo, e levou Maria até mim. Que alma de flor, em corpo de anjo! Ele me chama com as palavras do seu primeiro mestre, e me pede que lhe dê paz. Mas a paz, ele a tem em si mesmo, pela sua vida pura, e eu o amei por essa sua pureza, à qual eu confiei os ensinamentos, os segredos e a Criatura mais querida que Eu tinha.
 
Ele foi o meu primeiro discípulo, que me teve amor desde o primeiro instante em que me viu. Sua alma estava intimamente unida com a minha desde o dia em que ele me tinha visto passar ao longo de Jordão e me tinha visto apontado pelo Batista. Mesmo que ele não me tivesse encontrado depois, na minha volta do deserto, me teria procurado tanto, até conseguir encontrar-me, porque quem é puro, é humilde e desejoso de instruir-se na ciência de Deus, e vai, como a água que vai ao mar, àqueles que ele reconhece serem mestres na doutrina celeste"

Diz Nossa Senhora: O sacerdote é, geralmente, sempre iluminado por Deus. Disse "geralmente". Ele o é, quando é um verdadeiro sacerdote. Não é a veste aquela que consagra, é a alma. Para se julgar se alguém é verdadeiro sacerdote, é necessário julgar o que sai da alma. Como disse o meu Jesus, é da alma que saem as coisas que santificam ou contaminam, aquelas coisas que informam todo um modo de agir de um indivíduo. Pois bem, quando alguém é um verdadeiro sacerdote, é geralmente sempre inspirado por Deus. Dos outros, que tais não são, é preciso que se tenha com eles uma caridade sobrenatural, e que se reze por eles.

Diz Jesus: Deus é a herança dos seus sacerdotes. Para esses Ele, o Pai de Israel é, mais do que nunca, o Pai, que provê o alimento, como é justo. Mas não mais do que o justo. Ele não prometeu aos seus servos do Santuário nem bolsas, nem posses. Na eternidade terão o Céu pela sua justiça, como o terão Moisés, Elias, Jacó e Abraão. Mas nesta terra não devem ter senão a veste de linho e o diadema de ouro incorruptível: pureza e caridade; e que o corpo seja servo do espírito, que é servo do verdadeiro Deus, e não seja o corpo senhor do espírito e contra Deus.

Pergunto eu: Como se pode compreender, à luz destas palavras, que um sacerdote conspurque a sua sublime dignidade, tornando-se servo da carne? Não está escrito: "Se alguém vem ter Comigo e não aborrece a seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não tomar a sua cruz para vir após Mim, não pode ser meu discípulo. Assim, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo."? 

Não está escrito: "Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por Minha causa, salvá-la-á."? Não está escrito: "Se o teu olho é para ti ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti."? Não está escrito: "Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração"? Não está escrito: "Ninguém poderá servir a dois senhores, porque, ou há-de odiar a um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro"? Não está escrito: "Amarás o Senhor, teu Deus, com todo (não parcialmente) o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças.?

Não está escrito: "Alguns são incapazes já de nascença, há os que se tornam incapazes pela interferência dos homens, e há aqueles que se abstiveram de casar por amor do reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda"? Não está escrito: "Quem tiver deixado a casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, os filhos ou campos por Minha causa e por causa da Boa Nova, receberá cem vezes mais agora, e no tempo futuro, a vida eterna"?

Antonio escreve> Exigências da vocação apostólica (retirado do evangelho). Enquanto iam a caminho, disse-lhes alguém: «Seguir-te-ei para onde quer que fores». Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». E disse a outro: «Segue-me». Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus». Disse-lhe ainda outro: «Seguir-te-ei, Senhor, mas deixa que primeiro vá despedir-me dos meus». Jesus respondeu-lhe: «Quem depois de deitar as mãos ao arado, olha para trás, não é apto para o Reino de Deus».
 
Ao ler estas palavras pergunto: Se Jesus dá respostas tão duras e exigentes a pedidos que nos parecem tão nobres (abandonar o pai e despedir-se dos familiares), que resposta daria àqueles que lhe pedissem para ir ter com a sua namorada, irem-se casar, ver os seus filhos ou irem comemorar o aniversário de alguma familiar? Não sejamos ingênuos, os que assim procedem, são aqueles do Evangelho, que depois de deitarem as mãos ao arado, olham constantemente para trás, e, como tal, não são aptos para o Reino de Deus.

Os padres que pedem que Igreja admita sacerdotes casados, não são aptos para a missão que Deus lhes confiou, pois, ao olharem para trás, não resistiram à tentação colocando a carne acima do espírito. A pureza e a virgindade são asas que permitem à alma elevar-se em direção à Luz, e, recebe desta, os influxos da graça divina, que opera no espírito maravilhas de perfeição, de beleza, de riqueza espiritual, sublimando as virtudes infundidas pelo Divino Espírito Santo. Então, a alma, chegada a este ponto pela sua boa vontade, pode afirmar como São Paulo: "Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim".
 
Estes sim, são os verdadeiros João, que possuem nas suas almas as chamas do puro amor, imunes a qualquer concupiscência, que não olham às humilhações, insultos, opróbrios, aos respeitos humanos, e permanecem fieis ao seu Mestre, ao Rei da sua alma, ao seu Deus, até o fim, até o calvário, resistindo à "loucura da cruz". O demônio quando ataca o homem utiliza alavancas (luxúria, dinheiro, poder, fama, etc). Estuda-nos, perscruta-nos com argúcia insuperável tentando descobrir os nossos pontos fracos. Em seguida, porque é um ser inteligente, espera pelo momento certo, e então investe com todo o seu furor infernal. Quem não estiver protegido pelo escudo impenetrável da graça divina, vira um brinquedo na sua mão, pois ele é o sedutor por excelência.

Vejamos a queda do Adão e Eva. Eles eram sem culpa, revestidos com todos os dons sobrenaturais que os protegiam do mal. Estes dons formavam uma couraça poderosa, um escudo impenetrável aos ataques de Lúcifer. Eram os reis da criação. No entanto, o sedutor elaborou um plano, tão astuto, que nem precisou dialogar com Adão para derrubá-lo. Percebeu que Eva era o elo mais fraco. Eva, movida por uma curiosidade infantil, aproxima-se da árvore, e aí, encontra o sedutor.
 
Este inicia um diálogo aparentemente cheio de doçura (mas quanto fel, quanta malícia, quanto ódio se escondia atrás desta doçura), com o fim de ganhar a sua confiança. Eva comete um erro terrível - dialoga com Satanás -. Ele é forte em sua dialética, é o sedutor por excelência, e só Deus o vence. Eva fica fascinada com a idéia de ser como Deus. Depois de ludibriar Eva, serve-se dela, como uma alavanca para derrubar Adão (Adão cai tentado pela mulher, não por satanás). Ele estudou minuciosamente Adão e descobriu o seu ponto fraco - a mulher. A desobediência do "anjo da luz" realizada no paraíso celeste é repetida pelo homem no paraíso terrestre. O rebelde, o corruptor, o maldito, com este ardiloso plano, tira de Deus a alegria de ser Pai de todos os homens criados. E a dor aparece no mundo.

Diz Nossa Senhora: Eu me tinha consagrado a Deus desde minha tenra idade, porque a luz do Altíssimo me havia feito conhecer a causa do mal no mundo e eu quis, por quanto estava em meu poder, anular por mim mesma o plano de Satanás. Eu ainda não sabia que eu era sem mancha do pecado. Nem eu podia pensar que o era. Só pensar nisso, teria sido presunção e soberba, porque, nascida de pais humanos, não me era licito nem pensar que logo eu era a Escolhida para ser sem mácula.

O Espírito de Deus me tinha instruído sobre a dor do Pai, diante da corrupção de Eva, que tinha querido aviltar-se, ela que era uma criatura por graça, descendo ao nível de uma criatura inferior. Havia em mim a intenção de amenizar aquela dor, reconduzindo a minha carne à pureza angélica, ao conservar-me inviolada por pensamentos desejos e contatos humanos. Só por Ele o meu coração palpitava de amor, só a Ele eu consagrava o meu ser. Mas, se não havia em mim o ardor da carne, contudo ainda havia o sacrifício de não ser mãe.

A maternidade, livre de tudo o que agora a avilta, tinha sido concedida assim pelo Pai Criador também a Eva. Uma doce e pura maternidade, sem o peso da sensualidade! Eu a experimentei! Destas vantagens Eva se desposou, quando renunciou a uma riqueza de tal porte! Essa riqueza era muito mais do que a imortalidade. E que não vos pareça um exagero dizer isto. De fato, o meu Jesus, e Eu passei por ela, como alguém que cansado adormece docemente, e Ele, por meio do atroz sofrimento de quem esta morrendo porque a isso foi condenado.
 
Portanto, também para nós houve morte. Mas a maternidade sem aqueles pesos e sem aquelas violações, só aconteceu comigo, que sou a nova Eva, afim de que eu pudesse dizer ao mundo que doçura teria sido para a mulher chamada a ser mãe, se não sentisse a dor em sua carne. Ora, o desejo dessa maternidade pura podia estar e estava, também na virgem toda de Deus, pois a maternidade é a glória da mulher. Se pensardes, então, em qual honra era tida a mulher mãe entre os Israelitas, mais ainda podereis pensar no sacrifício que eu fiz, ao consagrar-me a Deus com a privação da maternidade.
 
Mas o Eterno Bem quis dar à sua serva este dom, sem precisar Ela perder o candor de que estava revestida para ser uma flor sobre o seu trono. E Eu me sentia jubilosa com a dupla alegria de poder ser mãe de um homem e, ao mesmo tempo, ser Mãe de Deus. Alegria de ser Aquela pela qual a paz se estabeleceria entre o Céu e a Terra.


Oh! Ter desejado tanto essa paz, por amor de Deus e do próximo, e saber que através de mim, uma pobre serva do Todo-Poderoso, é que tal paz estaria vindo ao mundo! E poder dizer: Ó homens, não choreis mais, pois Eu trago em mim o segredo que vos tornará felizes. Eu não vo-lo posso dizer, porque está selado em Mim no meu coração, assim como está fechado o Filho em meu ventre inviolado. Mas eu já estou trazendo no meio de vós, e cada hora que passa, vai ficando mais perto o momento em que o vereis, e conhecereis seu Nome Santo.

Alegria de ter feito feliz a Deus: alegria de quem crê ter feito feliz ao seu Deus. Oh! Sim. Ter tirado do coração de Deus a amargura da desobediência de Eva! Da soberba de Eva! Da sua incredulidade!Meu Jesus me explicou qual foi a culpa com que se manchou o primeiro casal. Eu anulei aquela culpa, refazendo, de um modo retroativo para subir depois, as etapas da sua descida. O princípio da culpa estava na desobediência: "Não comais daquela árvore, e não toqueis nela", tinha dito Deus. Mas o homem e a mulher, os reis da criação, que podiam tocar em tudo e comer de tudo, menos daquela árvore porque Deus queria torná-los só inferiores aos anjos, não levaram em conta aquela proibição.
 
A árvore: o meio para provar a obediência dos filhos. Que é a obediência ao mandamento de Deus? É um bem, porque Deus só manda o bem. E que é a desobediência? É um mal, porque põe a alma naquelas disposições de rebelião, oferecendo à Satanás um campo propício para as suas operações. Eva vai até à árvore da qual teria vindo o seu bem, se fugisse dela, ou o seu mal, aproximando-se dela. Ela vai à árvore arrastada por uma curiosidade infantil, querendo ver o que é que a árvore tinha em si de especial, e, levada pela imprudência que lhe faz parecer inútil o mandamento de Deus, pois ela, Eva, se sente forte e pura, é a rainha do Éden, no qual tudo lhe obedece, e onde nada lhe poderá fazer mal.
 
É assim que sua presunção causa sua ruína. A presunção é um fermento da soberba. Junto à árvore, ela encontra o sedutor, que se aproveita da sua inexperiência e, daquela inexperiência virgem e tão bela, e tão mal protegida por ela, para cantar-lhe a canção da mentira: "Crês tu que isso seja um mal? Não. Deus te disse isso, porque vos quer conservar escravos do seu poder! Pensais que sois reis? Nem liberdade tendes, como a têm os animais. Pois aos animais foi concedido que se amem com verdadeiro amor. Mas vós, não. Ao animal foi concedido ser criador como Deus. Ele gerará filhos e verá crescer à vontade sua família. Mas vós, não. A vós é negada essa alegria. Para que, então, fazer-vos homem e mulher, se tendes de viver nesse modo? Sede Deuses! Não sabeis que alegria é estarem dois numa só carne, para que dessa união se crie uma outra pessoa, e até muitas outras?
 
Não acrediteis nas promessas de Deus de que tereis alegria em vossos descendentes, vendo os vossos filhos criarem novas famílias, deixando por causa delas seu pai e sua mãe. Deus vos deu apenas uma sombra de vida: a verdadeira vida é conhecer as leis da vida. Então sim sereis semelhantes a Deus e podereis dizer a Deus: "Somos iguais a ti".


E a sedução continuou porque não houve vontade de acabar com ela, pelo contrário, houve vontade de continuar com ela, de conhecer o que não era lícito ao homem.
 
É aí que a árvore proibida se torna realmente mortífera para a raça humana, pois dos seus ramos está pendurado o fruto da amarga sabedoria, que vem de Satanás. A mulher aí se torna uma fêmea e, com o fermento do conhecimento satânico no coração, vai corromper seu companheiro, Adão. Aviltada, pois a carne, corrompido o moral, degradado o espírito, o que eles passaram a conhecer foi a dor, a morte do espírito, que ficou privada da graça e da carne que ficou privada da imortalidade. A ferida de Eva gerou o sofrimento, que não se aplacará, enquanto não se extinguir a vida do último casal sobre a Terra.

Eu percorri, de modo regressivo, o caminho daqueles dois pecadores. Eu obedeci. Obedeci de todos os modos. Deus me pediu que eu permanecesse virgem. Eu obedeci. Tendo amado a virgindade, que me tornava pura como a primeira das mulheres, antes de conhecer a Satanás, Deus me pediu que fosse esposa. Eu obedeci, colocando o matrimônio naquele primeiro grau de pureza, que estava no pensamento de Deus, quando criou os dois Primeiros.


Convicta de que estava destinada à solidão no matrimônio, e a ser desprezada pelos outros, por causa da minha esterilidade voluntária, agora Deus me pedia que eu me tornasse Mãe. Eu obedeci. Eu cri que isso fosse possível e que aquela palavra veio de Deus, porque ao ouvi-la, difundiu-se em mim uma grande paz. Não fiquei pensando assim: "Eu mereci isto". Não fiquei dizendo a mim mesma: "Agora, o mundo vai me admirar, pois já sou semelhante a Deus, criando a carne de Deus". Não. Eu me aniquilei na humildade.

A alegria brotou-me do coração, como um pedúnculo de roseira florida. Mas esta viu-se bem depressa ornada com agudos espinhos e apertada no emaranhado da dor, como aqueles ramos que ficam enrolados por algumas trepadeiras. A dor pela dor do meu Filho: eis o espinho em minha alegria. Eva quis o gozo, o triunfo, a liberdade. Eu aceitei a dor, o aniquilamento, a escravidão. Renunciei à minha vida tranqüila, à estima do meu esposo, à minha própria liberdade. Não conservei nada para mim.
 
Fiz-me Criada de Deus na carne, no moral, no espírito, confiando-me a Ele! Não só para a concepção virginal, mas para a defesa da minha honra, para a consolação do esposo, para o meio com o qual ele pudesse entender a purificação do matrimonio, de tal modo a fazer de nós dois os que haveriam de restituir ao homem e à mulher a dignidade perfeita. Sim", eu disse. Sim. E basta. Aquele "sim" anulou o "não" de Eva ao mandamento de Deus. Sim, Senhor, como quiseres. Conhecerei o que Tu queres. Viverei como Tu queres. Alegrar-me-ei, se Tu quiseres. Sofrerei pelo que Tu quiseres. Sim, sempre sim, meu Senhor."

Jesus diz a este respeito: "Eles, os dois progenitores, eram possuidores da Graça, sem nunca terem sido tocados pela desgraça. Por isso eram mais fortes, mais amparados pela Graça, que gerava neles inocência e amor. Infinito era o dom que Deus lhes havia dado. Bem mais grave, por isso, foi a queda deles, não obstante aquele dom. Simbólico também é o fruto oferecido e comido. Era o fruto de uma experiência que se quis fazer, por instigação satânica, contra a ordem de Deus. Eu não havia interdito aos homens o amor. Queria unicamente que se amassem sem malícia; como eu os amava com a Minha Santidade, eles deviam amar-se na santidade de afetos que nenhum libido emporcalha.

Antonio diz: As Sagradas Escrituras apresentam-nos várias personagens bíblicas vítimas da tentação da carne. David pecou quando desejou Betsabé, a mulher de Urias, o heteu. Este pecado arrastou outro ainda maior - o assassínio de um inocente. Urias foi enviado propositadamente para a frente de batalha onde faleceu. Sanção matou mil homens com a queixada de um jumento, mas foi vencido por Dalila. Dalila, com grande astúcia fazendo uso dos seus encantos carnais, enganou Sanção, descobrindo o segredo da sua força, e entregou-o aos Filisteus.

Salomão, o rei que ficou na história como o mais sábio e inteligente, foi pervertido pelos seus amores carnais, no ocaso da sua vida. Salomão prestou culto a Asterté, deusa dos sidónios, e a Melcom, o ídolo dos amonitas. O seu coração desviou-se do Senhor, Deus de Israel, que lhe aparecera por duas vezes e lhe proibira expressamente seguir a outros deuses. Herodes, hipnotizado pela luxúria que era a regra da sua vida, comete o delito de assassinar aquele, que entre os nascidos de mulher não há profeta maior.

Jó, no auge da sua dor, quando necessitava de consolo, paz e esperança na bondade de Deus, que nunca abandona os que Nele confiam, recebeu da sua mulher, perturbação e revolta. Ela funcionou como instrumento de Satanás provando a paciência deste santo, pois disse-lhe: «Persistes ainda na tua integridade? Sim! Bendiz a Deus e morre»! Respondeu-lhe Jó: «Falas como uma insensata. Se recebemos os bens da mão de Deus, não aceitaremos também os males?».

É verdade que alguns dos apóstolos eram casados, tinham uma vida familiar estável, não só afetivamente como também financeiramente. No entanto deixaram tudo: mulher, filhos, filhas, profissão, amigos, e até o seu modo humano de pensar e julgar. Eles, verdadeiramente, renunciaram a tudo quanto tinham, tomaram a sua cruz e seguiram Jesus. Que dizer, pois, destes apóstolos, sacerdotes do nosso tempo, almas consagradas, cuja missão é indicar-nos o Céu, pátria eterna dos filhos de Deus, que não querem doar todo o seu coração ao seu Deus, mas apenas uma parte dele.
 
Acreditem, Satanás não descansará, trabalhará afincadamente neste resto que ficou, até que tome posse completa e seja o rei supremo desses corações. Então a destruição na Igreja será grande, pois, estes "apóstolos", serão guiados pelo espírito das trevas e jamais poderão infundir a luz nos espíritos, porque ninguém pode dar aquilo que não tem.


Dias atrás o padre italiano Giuseppe Serrone - um dos fundadores junto com o ex-arcebispo Emmanuel Milingo da associação "Sacerdotes casados já" – afirmou que as famílias dos sacerdotes casados "são verdadeiras famílias e os sacerdotes casados, ordenados validamente, são verdadeiros sacerdotes da Igreja de Jesus". Não são! Eles se tornaram rebeldes e já estão excomungados da Igreja Católica!

Lanço agora estas interrogações: Como é possível ser-se verdadeiro sacerdote, quando este coloca a criatura acima do Criador, contrariando o primeiro mandamento: "Adoraras e amares o Senhor teu Deus sobre todas as coisas"? Como irá reagir o sacerdote no caso da sua mulher lhe pedir o divórcio?

 

Se aceitar, irá contra o mandamento de Deus, se não aceitar, irá contra a constituição do governo do seu país. Se houver um escândalo que envolva alguém da sua família, certamente alguns dos seus paroquianos irão dizer-lhe: Porque não guardas os seus conselhos e ensinamentos para a sua família? “Primeiro deveria tirar a trave do seu olho, e depois, então tiraria o argueiro dos nossos olhos". Um sacerdote nestas condições perderia toda a sua autoridade moral para cumprir a sua missão. A Igreja, em pouco tempo, seria destruída com grande facilidade por Satanás, porque ele passaria a ter em suas mãos uma alavanca poderosíssima.

Está escrito: «Sereis entregues até pelos pais, irmãos, parentes e amigos.  Hão de causar a morte a alguns de vós e sereis odiados por todos, por causa  do meu nome» (Lc 21, 16 e 17) Está escrito: «.O irmão entregará à morte o irmão, e o pai, o seu filho; os filhos erguer-se-ão contra os pais e hão de causar-lhes a morte.» (Mc 13, 12) O que Deus faz é sempre bom. Se o casamento ajudasse o sacerdote na sua missão, certamente Jesus teria aconselhado os seus ministros a contraírem o matrimônio. Isso não sucedeu. Aliás, um dos conselhos evangélicos diz: "Guardar castidade perfeita".

Termino com estas palavras duras de Jesus aos sacerdotes, certamente verdadeiras, reveladas nos escritos de Maria Valtorta. "Agora 90% entre vós (padres) é semelhante à Eva intoxicada pelo hálito e pela palavra de Lúcifer, e não viveis para amar-vos, mas para saciar-vos de sensualidade. Não viveis para o Céu, mas para a lama, não sois mais criaturas dotadas de alma e de razão, mas uns cães sem alma e sem razão. A alma, vós já a mataste e a razão, já a depravastes. Em verdade, eu vos digo que os animais irracionais estão acima de vós na honestidade dos seus amores".

Isto foi dito por Jesus há cerca de cinqüenta anos atrás. O que não dirá no presente? E parodiando a frase de Jesus: “Quando o Filho do homem voltar, acaso encontrará fé sobre a terra”, se poderá perguntar: “Quando Jesus voltar acaso encontrará na terra um só sacerdote verdadeiramente casto, puro e santo?”
 
Antonio ( de Portugal)









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