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Santa Igreja
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10/01/2012
O CONSAGRADO E O CELIBATO
Deus nos amou primeiro


Por: Paulina Monjarraz - Feitos para amar:  "Deus nos amou primeiro".

Esta é uma frase que, com certeza, escutamos ou lemos na Epístola de são João: "Deus nos amou primeiro", se nos déssemos conta do significado desta realidade, nosso coração explodiria e tudo passaria a adquirir um sentido pleno, até mesmo nossas tristezas e angústias " talvez sem deixar de senti-las" teriam sentido e não nos levariam ao desespero.

O Amor absolutamente gratuito e original de Deus é a razão pela qual todos os seres humanos têm uma profundíssima necessidade de ser amados e de amar. Todos precisamos amar porque estamos feitos por e para o Amor. Realmente, a maioria ou quase todos os grandes males de nosso mundo têm sua origem em uma carência ou falta de amor. Para alguns, poderia parecer uma solução brega e, inclusive, ingênua, pensar que o amor é a grande solução de nosso mundo, mas não é assim, porque não é uma solução fácil ou light, é " na verdade " "a solução" que está implícita em toda a doutrina de salvação de Jesus Cristo. É dentro deste contexto de redenção, de salvação, que se deve compreender o "por quê" e o "para quê" da "renúncia" ao amor conjugal das pessoas, seja para consagrar-se a Deus ou para viver o celibato apostólico.

Alguns poderão perguntar se é correto falar em termos de "renúncia", pela carga negativa que tem esta palavra. Certamente, a renúncia implica deixar algo, sim, mas isso não significa perder sem ganhar. Seria mentiroso dizer que não se deixa algo, sobretudo algo tão apreciado e abençoado por Deus, como é o amor conjugal, no entanto, essa renúncia é deixar o menos pelo mais.

- Perda ou Ganho

Por que o menos pelo mais? Os casados serão menos santos do que os celibatários? Não, aqui não estamos falando em termos de santidade pessoal, porque a santidade pessoal é a correspondência à graça que Deus nos deu, portanto, ninguém é mais ou menos santo pelo estado ou pela vocação à qual Deus o chamou, mas por sua correspondência a esta vocação. No entanto, falar de celibato ou consagração significa ir além de nossa disposição natural ao correto amor entre um homem e uma mulher, significa mover-se em uma dimensão sobrenatural e, por isso, ultrapassa as forças e disposições puramente humanas. Portanto, o celibato é um dom de Deus, uma graça que Ele acrescenta ? nossa natureza para que esta renúncia seja possível e amável; para que seja um ganho e não uma perda.

Portanto, a pessoa que decide responder a este chamado de Deus não é alguém que não ama ou que não tem os mesmos desejos e necessidade de amar e de ser amado daqueles que decidem se casar. Não, ao contrário, esta pessoa chamada por Deus dilata mais sua capacidade de amar e de ser amado porque dedicará todas as forças de seu corpo e de seu espírito para fazer chegar o amor de Cristo a todos os lugares, todo tempo, a cada ser humano, sem que nenhuma outra obrigação tenha prioridade sobre esta.

- Celibato e sexualidade

No entanto, uma mulher ou um homem que vivem o celibato poderiam pensar ou perguntar-se, com toda simplicidade e sinceridade, então, para que serve meu corpo, para que minha sexualidade, se eu não serei mãe ou pai? Em primeiro lugar, é preciso redimensionar ou localizar nossa própria corporeidade, é importante compreender que o ser humano é uma unidade de corpo e alma, na qual o corpo não é um estorvo para o espírito ou uma ocasião de pecado. É preciso afirmar o sentido positivo e real de nossa corporeidade e, assim, podemos dizer com certeza: "Eu sou meu corpo", embora não somente meu corpo. Não obstante, talvez o erro incluso nesta pergunta seja uma redução do corpo à sexualidade e uma redução da sexualidade à pura corporeidade. O fato de não exercer nossa sexualidade para engendrar não quer dizer que não exerçamos nossa masculinidade ou nossa feminilidade. A pessoa não "tem um sexo", pelo contrário, é uma "pessoa sexuada", o que significa que somos homens e mulheres em todo nosso ser, não somente em algumas partes de nosso corpo. Assim, tudo o que fazemos: sentir, trabalhar, pensar, sorrir, etc., o fazemos como homens ou como mulheres. Portanto, também esse serviço ou doação aos demais seres humanos, para levar-lhes o amor de Cristo, é feito com toda nossa masculinidade ou com toda nossa feminilidade.

Quando o primeiro mandamento nos diz: "Amarás a Deus com todo seu coração, com toda sua alma e com toda sua mente", nos está dizendo que o amor a Ele não é um amor que nos reprima ou nos encha de proibições e muito menos que anule nossa masculinidade ou nossa feminilidade. Ao contrário, as plenifica em seu sentido original, mandado desde o Gênesis, "de ser fecundos", porque essa "renúncia" não anula o amor, mas o expande a todos aqueles que "mesmo tendo sido gerados na carne, sem amor" poderão receber o amor de Cristo por esta "renúncia" que permite sempre dar mais... Um exemplo próximo e amável deste desenvolvimento da maternidade na vida consagrada, podemos ver maravilhosamente encarnado na madre Teresa de Calcutá, que pôs todo seu coração de mulher em amar todos essas crianças, cujos pais não puderam ou não quiseram amar e acolhê-las.









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