Cidadãos do Infinito




Nossa Diocese e Bispos
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02/01/2012
DOM CANÍSIO KLAUS
Como terceiro Bispo de Santa Cruz


Os três bispos da Diocese: Dom Canísio, Dom Alberto Etges (estátua localizada na praça central) e Dom Sinésio

 

 

“Eis-me aqui Senhor, envia-me”

Com uma saudação cordial a toda a Diocese, composta pelos 42 municípios nos Vales do Rio Pardo, Taquari e Camaquã distribuídos nas 52 Paróquias, o novo pastor do rebanho inicia sua caminhada em Santa Cruz do Sul. Dom Canísio Klaus, 59 anos, nascido e ordenado padre em Arroio do Meio, volta ao Sul do Brasil, depois de 22 anos de trabalho no Mato Grosso. Ele é o terceiro bispo da Diocese e será empossado oficialmente neste domingo.

 

“Acolhi essa nomeação com surpresa, mas na certeza de que estou cumprindo a vontade de Deus”. Essas foram as primeiras palavras do novo Bispo Diocesano de Santa Cruz, Dom Canísio Klaus. Segundo ele, é missão de todo religioso seguir as indicações e a vontade do Papa Bento XVI.

 

Conforme Dom Canísio, a realidade do rebanho que acaba de acolher é muito diferente da sua primeira experiência como Bispo, na cidade de Diamantino, no estado do Mato Grosso. “Tenho ciência da minha responsabilidade perante a Igreja como sucessor dos Apóstolos”, diz Dom Canísio, ao expressar alegria no anúncio. “Assumo essa Diocese com muita alegria e coragem”, sublinha, ao destacar a importância da Comunidade e do Clero, para a continuidade da missão de evangelizar – pertinente na vida de quem oferece seu trabalho a Deus.

 

Dom Canísio afirma sua fé em Jesus Cristo, ao dizer que o trabalho à frente da Diocese de Santa Cruz do Sul será de missionário e evangelizador. “Quero ser fiel à Igreja e seguir as orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil”, sublinha.

 

O novo bispo reforça o discurso de dar continuidade aos projetos desenvolvidos na Diocese, que já tem mais de 50 anos de evangelização, ao contar com o apoio dos Bispos da Regional Sul-3, nos quais deve se amparar e viver em comunhão. “Peço a interseção de São João Batista, por ser o grande precursor de Jesus Cristo”, completa o prelado.

 

A cerimônia de posse de Dom Canísio Klaus acontece neste domingo, na presença de Dom Sinésio Bohn e do Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Gringes, a partir das 16 horas, na Catedral São João Batista.
 

 

 

Missão de servir a Deus

 

Em seu primeiro discurso em solo santa-cruzense, Dom Canísio Klaus explica que o papel do Bispo está mais ligado ao serviço ao senhor do que à chefia de uma Diocese. “Existe o poder de governar e administrar, mas a autoridade se mede na capacidade de servir”.

 

Prestes a assumir o posto de líder máximo religioso da Igreja Católica da região, Dom Canísio Klaus pede proteção a Mãe de Deus, que segundo ele, abraça-o em toda a sua caminhada. “Na minha trajetória sempre tive presente a nossa Mãe”. Segundo ele, em todos os seminários e Paróquias que atuou, Nossa Senhora da Imaculada Conceição esteve presente. “A primeira Paróquia que eu trabalhei em Santa Cruz foi a Conceição, localizada no bairro Bom Jesus”, recorda o bispo nos áureos tempos de Padre, na década de 1980.

 

Em Diamantino, na Diocese que Dom Canísio deixou para substituir Dom Sinésio, a padroeira também é Nossa Senhora da Imaculada Conceição. “Percebo que ela está me seguindo, ou eu perseguindo ela”, brinca. “Inspirei-me nela para dar o meu sim à vontade de Deus”. Na caminhada na Diocese de Santa Cruz uma promessa: servir com alegria, lema motivacional que acompanha Dom Canísio desde sua ordenação como padre.
 

 

Um bispo acolhedor

 

Dom Canísio revela que deseja cativar os fiéis através do carisma e do carinho – marcas que, segundo ele são características de um bom pastor. Canísio Klaus diz que sempre teve como objetivo a fraternidade e a acolhida aos fiéis. “O bom pastor por vez à frente para apontar o caminho, mas por muitas vezes pretendo estar ao lado, caminhando junto e fazendo a história”, revela o prelado, ao dizer que a caridade, esperança e fé fazem parte da caminhada desde quando ainda era padre.

 

 

Sentir com o coração

 

Ainda no Mato Grosso, assim que anunciado como sucessor de Dom Sinésio Bohn, Dom Canísio conta que foi questionado, sob quais seriam suas primeiras decisões à frente da Igreja Católica aqui.

 

Dotado de uma paz e uma diplomacia ímpar, o novo bispo reforça que deseja sentir com o coração para depois dar início a novos projetos. “As decisões necessárias que se fazem na vida da Igreja e que dependem do bispo devem ser partilhadas e rezadas”, completa Dom Canísio, ao dizer que medidas tomadas às pressas podem gerar frustrações e aborrecimentos. Segundo ele, neste momento de transição, enquanto firma-se como o terceiro bispo da Diocese de Santa Cruz vai ver, ouvir e sentir quais são as necessidades e quais são as carências de seu novo rebanho. “Assim quero dar continuidade ao belo trabalho que vejo acontecer nessa Diocese”.
 

 

Diferenças de local e povo

 

Mesmo conhecendo praticamente toda a Diocese de Santa Cruz, por ter tido a oportunidade de atuar como padre, assim que ordenado, Dom Canísio acredita que muita coisa mudou, nos mais de 20 anos que permaneceu no Mato Grosso.

 

Segundo Dom Canísio, a Diocese de Diamantino completa 80 anos em 2010. Composta por uma área geográfica 107 mil quilômetros quadrados, com uma população de 270 mil habitantes, divididos em 13 Paróquias em 18 municípios, atendidos por 27 padres.

 

“Além disso, existem seis Comunidades Religiosas, das quais uma nós fundamos, As Irmãs Discípulas do Pastor”, destaca.

 

Já em Santa Cruz do Sul, Dom Canísio se depara com menos espaço e mais ovelhas. Mais próximas umas das outras, as paróquias são mais que o dobro do que as da Diocese de Diamantino e na mesma escala a população também é muito maior. Ao todo, a população atendida pela Diocese de Santa Cruz contabiliza 562.908 pessoas, duas vezes mais do que o rebanho coordenado por ele no Mato Grosso. “Isso é um desafio muito maior”, classifica.
 

 

Atenção à Migração Religiosa

 

De acordo com o novo bispo, em primeiro lugar, também é papel da Igreja Católica preservar a liberdade de escolha do povo. Contudo, ele aposta em uma Igreja mais acolhedora a todos. “Muitos procuram aderir a outras Igrejas por estar em uma situação de angústia, problemas de saúde”, segundo ele situações como essas levam fiéis a buscar respostas mais imediatas às suas necessidades.

 

“A Igreja Católica também está ligada a isso”, diz Dom Canísio, ao elencar as comunidades terapêuticas como uma forma de ajudar a quem necessita. “A liberdade religiosa é respeitada graças à Deus, nesse país”, pontua o prelado, ao dizer que, mesmo assim, é preocupação da Igreja em preservar seus fiéis.
 

 

Evangelizar através da comunicação

 

Segundo Dom Canísio, os meios pelos quais se dá a comunicação de massa são de extrema importância no contexto de sociedade contemporânea. “Partindo de nosso mestre Jesus Cristo que não tinha essa tecnologia, sempre soube valorizar a comunicação”, compara Dom Canísio. Para ele, a Igreja deve sim valorizar a boa relação com a mídia e criar seus próprios veículos, com profissionais capacitados para desempenhar a tarefa de propagar a mensagem de Deus. “Não só para as nossas celebrações. A Diocese tem os jornais Integração, Diário Regional e a Rádio Santa Cruz, que são necessários para uma boa evangelização”.

 

 

Dom Canísio nasceu em Arroio do Meio, no dia 9 de outubro de 1951. Filho de Arthur e Hilda Klaus, é o sexto filho de uma prole de sete irmãos. Fez seus estudos primários nas escolas de Arroio Grande Central e Dona Rita, na cidade em que nasceu. Estudou nos Seminários Sagrado Coração de Jesus e São João Batista.

 

Canísio Klaus foi ordenado Padre em 28 de dezembro de 1979, em Arroio do Meio. No dia 22 de abril de 1998, recebeu do Papa João Paulo II a nomeação de Bispo de Diamantino.

 

 

Dom Canísio chega em tempos de novidades e transformações

 

Quem passa pela rua Ramiro Barcelos, nas proximidades da Catedral São João Batista, percebe a movimentação de operários e o vai e vem de materiais de construção na Cúria Diocesana.

 

Considerada como o centro administrativo de uma Diocese, o espaço está sendo ampliado desde 2007 e deve se transformar em local amplo, moderno e que oferece condições de expansão dos programas e pastorais da Diocese de Santa Cruz do Sul.

 

Quem garante a eficácia da reforma é a administradora da Diocese, Bruna Bogorni. Segundo ela, o local trabalha em esquema de parceria com as Paróquias. “Não existe Cúria sem Paróquia e não existe Paróquia sem a Cúria”, compara Bruna. Além da gestão de recursos humanos e das pastorais que compõem a Diocese de Santa Cruz do Sul, o novo espaço deve oferecer melhores condições aos arquivos das 52 Paróquias. “É a história de nascimentos e casamentos de muita gente que está sob nossa responsabilidade”, pontua a administradora.

 

Foi pensando nisso que, reunindo esforços há três anos, a área do prédio que abriga a administração e a Livraria Diocesana começou a ser ampliada. “Não temos pressa e nem condições de acelerar mais a obra. Mas quando ficar pronta servirá muito bem para as nossas necessidades e, pelo menos, nas próximas três décadas”, explica Bruna.

 

O prédio original tinha apenas 596 metros quadrados. Só a ampliação é mais do que o dobro: 786 metros quadrados, que resultam em uma estrutura com 1.382 metros quadrados à disposição da Diocese. “Teremos condições de acomodar as pastorais, a administração  central, a Livraria Diocesana e a Rádio Santa Cruz.
 

 

Preocupação com os arquivos

 

Acomodados precariamente no porão da Cúria, os arquivos e livros oficiais, que ilustram as páginas da história da Igreja e de seus fiéis em Santa Cruz do Sul merecem uma acomodação especial. “São raridades, livros que precisam estar em local apropriado, longe da umidade”, frisa Bruna.

 

Segundo ela, a necessidade de preservar esse patrimônio histórico da Igreja reforça o rol de motivos para a ampliação do prédio.
 

 

Antigo prédio foi ampliado

 

Para aproveitar o espaço existente e ampliá-lo, sem mexer muito na estrutura da antiga Cúria, a reforma valorizou o que já existia, acrescentando um andar e duas laterais. A nova entrada e o terceiro pavimento já estão concluídos. “Estamos utilizando a parte nova, enquanto o segundo piso é totalmente reformado”, explica Bruna. “O prédio foi encaixotado e está sendo reformado de dentro para fora agora”.

 

Sem uma data limite para a conclusão, a obra conta com quatro funcionários. Já a Cúria é formada por 15 funcionários, que atuam na área de Patrimônio e Finanças, Contabilidade, Administração, Arquivos e as Pastorais da Diocese. “Não existia mais um espaço adequado para oferecer um trabalho de qualidade às paróquias, às comunidades e à população”, pontua.

 

 

Espaço para a Rádio Santa Cruz

 

Desde que adquirida e administrada pela Diocese de Santa Cruz, a pioneira em transmissões radiofônicas, no ar desde 7 de abril de 1946, a Rádio Santa Cruz, AM 550 será transferida para o novo prédio.

 

Segundo a administração da Cúria, o atual prédio da emissora, na rua Marechal Deodoro não foi comprado junto com a Rádio em 2002. “Vamos trazer a Rádio para seu prédio próprio, mais próxima do Centro”, analisa Bruna. Porém, assim como a conclusão da Cúria, a transferência de endereço da Rádio Santa Cruz não tem data certa para acontecer. “Dependemos dos nossos próprios recursos e isso pode demorar um pouco”, completa, ao dizer que o novo prédio da emissora será o último a ser concluído, porém já está totalmente estruturado, dependendo apenas dos acabamentos.
 

 

Números da Diocese

 

Localizada nos Vales do Rio Pardo, Taquari e Camaquã, a Diocese de Santa Cruz do Sul é comporta por 40 municípios e 52 Paróquias. Ao todo, 92 padres atuam em uma área de 15.897 quilômetros quadrados, para uma população estimada em 562.908 habitantes.

 

 

A despedida do Pastor

 

Por opção própria, Dom Sinésio Bohn, que até este domingo é o Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul, já está em novo endereço. Acomodado próximo ao fogo de uma lareira em uma sala muito iluminada, o futuro Bispo Emérito quer dedicar toda força que pulsa em seu coração e a sabedoria que habita sua mente para contemplar, rezar e seguir às atividades de missionário, cujos compromissos de administrador titular lhe impetraram durante longos 24 anos.

 

“Estou muito feliz agora, pois nunca queria ser bispo”, brinca Dom Sinésio. Em sua trajetória na terra, o sacerdócio apareceu como uma oportunidade aos 16 anos de idade, mas com uma ressalva. “A filha da nossa vizinha começou olhar muito para mim e eu achei interessante”, novamente brinca Dom Sinésio, ao lembrar que na época optou pela vida de serviço a Deus.

 

Ordenado padre em Roma, no dia 23 de dezembro de 1961, Dom Sinésio imaginava-se como um padre dedicado à vida nas comunidades carentes, um padre urbano, como ele mesmo descreve. Assim que ordenado, Sinésio volta ao Brasil e vai realizar parte do sonho – trabalha como padre na periferia de Porto Alegre.

 

Ainda assim, a vontade de Deus lhe reservava uma surpresa. Após 14 anos formando novos padres em Viamão, em 1977, veio o convite para ser bispo auxiliar em Brasília. “Eu disse que não – jamais”, salienta, ao dizer que não tinha vocação para Bispo e sim para padre. Com a passagem marcada para a Capital Federal, o Núncio Apostólico - que é o representante do Papa no Brasil, o chamou para uma conversa. “Eu estava rezando na capela para saber como ia escapar dessa”, lembra Dom Sinésio. Na conversa com o representante do sucessor do trono de Pedro, Dom Sinésio foi convencido a aceitar o que Deus havia lhe reservado.

 

Dois anos como bispo em Brasília, o próximo desafio foi montar a Diocese de Novo Hamburgo. “Foi um tempo muito bom”, recorda. Quando o primeiro bispo de Santa Cruz, Dom Alberto Etges, ficou emérito – na mesma condição que Dom Sinésio ficará agora - ele assumiu o rebanho de Santa Cruz. 
 

 

O idealista

 

Dotado de uma modéstia, que sequer impede a transparência de suas qualidades, Dom Sinésio se classifica – quase que focado a falar - como o inovador. “É mais fácil deixar que as pessoas digam como a gente é”, explica Sinésio. Mas admite: sempre gostou de fazer coisas diferentes e inovadoras.

 

Em seu trabalho, ora desbravador, ora inovador, Dom Sinésio diz que sempre primou pelo bem das comunidades, ajudando a construir Paróquias, Pastorais e membros da Igreja que pudessem, de certa forma, fortalecer a fé cristã do povo e ajudar na missão de evangelizar. “Uma das prioridades sempre foi colocar à comunidade a estrutura de Capela ou de Salão Capela”, rememora.

 

Outra inovação pensada pelo então Bispo de Santa Cruz foi a ajuda mútua entre comunidades. Na ideia de Dom Sinésio, a comunidade que tinha mais recursos ajudava a mais carente. “Mas isso não deu certo e na época eu não investi, talvez tenha sido um erro meu”, lamenta.

 

A formação de leigos – como Ministros da Igreja – também foi um projeto abraçado por Dom Sinésio. “O movimento começou por Boqueirão do Leão e Dom Feliciano. Eu logo apoiei leigos formados para celebrar”, diz o Bispo, ao recordar que o falecido pai já realizava este serviço.

 

A teologia própria também foi um sonho que povoou o pensamento de Dom Sinésio, quando à frente da Igreja na região. Não conseguindo, o prelado diz estar satisfeito com o a formação no Curso de Filosofia da Unisc e a continuidade dos estudos dos seminaristas em Porto Alegre. “Seria uma formação focada na nossa realidade”.

 

Outro fato marcante na trajetória de Dom Sinésio na Diocese de Santa Cruz foi o incentivo à vida contemplativa na implantação do Mosteiro da Santíssima Trindade em Santa Cruz do Sul e do Mosteiro de Nossa Senhora de Nazaré, dos Monges do Passo do Adão, em Rio Pardo.
 

 

Igreja Irmã pode ter aproximado Dom Canísio

 

Dom Sinésio destaca ainda na caminhada da Diocese de Santa Cruz a cooperação com as Igrejas Irmãs do Mato Grosso, com especial destaque para a Diocese de Sinop. “A recompensa é que um bispo da Igreja Irmã vem me substituir”. Segundo ele, a fraternidade dentro e fora da Igreja contribui para a realização de projetos em ambos estados.

 

Questionado, caso tivesse mais um ano como Bispo Diocesano, Dom Sinésio diz que apoiaria e reforçaria os braços e setores da Igreja na região. “Sempre dei importância à comunicação, sempre tivemos uma grande relação com os veículos e jornalistas da região”, explica.

 

Dom Sinésio classifica como discreta a entrada da Diocese nos meios de comunicação de massa com a aquisição da Rádio Santa Cruz e recentemente a fundação do Diário Regional. “É uma voz para firmar a presença da Igreja nos meios de comunicação, tipo o Papa que tem o Observatório Romano. Ele não é o maior jornal do mundo, mas é um veículo a serviços da evangelização”, compara.
 

 

Graças ao Senhor

 

Há poucas horas de entregar a Dom Canísio a missão de conduzir a Diocese de Santa Cruz, Dom Sinésio vê com otimismo a condição de Bispo Emérito. “Deve existir uma época em que aconteça a sucessão”, explica Dom Sinésio, ao classificar o evento como a renovação da Igreja.

 

De acordo com o prelado, a questão da saúde deve ser observada também. “Um bispo que não é lúcido, que não preside as celebrações, o povo fica com pena”, explica. Dom Sinésio diz que não quer estorvar, que o domingo 18, é o dia de Dom Canísio.

 

Ele recorda que na conversa que teve com Dom Canísio, ainda em Brasília, durante a Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, foi convidado a permanecer no Bispado, ao lado do sucessor. “Não, agora temos novo bispo. Ele que comanda, ele que preside agora, e eu vou tentar ser o que  sempre quis: não ser bispo”, confessa em meio ao riso de quem mostra que a fé e a esperança não seguem a idade cronológica que o corpo humano teima em ditar.

 

Rodeado de um lindo jardim, na casa que abriga os sacerdotes mais idosos, Dom Sinésio diz que deve passar seus dias mais contemplativos, trabalhando mais para o bem da humanidade, como um soldado, de forma silenciosa. “Vou poder rezar mais, ficar mais perto de Deus e que assim seja até o dia em que ele quiser”.

 

Aos 75 anos de idade, Dom Sinésio Bohn deixa o comando da Igreja Católica na região com lucidez e a sensação de dever cumprido. A partir deste domingo seus dias serão de mais descanso e oração.

 

Com uma infinita bondade, Dom Sinésio faz um pedido ao povo que guiou mais de duas décadas: “Recebam Dom Canísio com a mesma alegria e esperança que eu fui recebido nesta terra”, finaliza Sinésio, o bispo que queria só ser padre.
 

 

Nota

 

O Papa tem a Rádio Vaticano e o Jornal Losservatore Romano.
Nós temos o Jornal Integração, a Rádio Santa Cruz e o Diário Regional
inseridos nas comunidades e na sociedade.
Dom Sinésio Bohn, em entrevista na Rádio Santa Cruz no dia 16 de
julho de 2010, ao falar sobre meios de comunicação católicos.

 

 

ARTIGOS ESPECIAIS

 

 

Obrigado, Dom Sinésio!

 

Está amplamente divulgado que nossa Diocese de Santa Cruz do Sul terá novo bispo a partir do próximo domingo. Sim, estão sendo organizadas caravanas de quase todas as paróquias para marcar a passagem do serviço episcopal de Dom Sinésio a seu sucessor.

 

Desde 1.986, nossa Diocese conheceu um bispo que imprimiu um caráter muito humanitário ao seu ministério.

 

Dom Sinésio é conhecido no Brasil inteiro como bispo das Pastorais Sociais, amigo dos pobres, aliado inconteste dos movimentos populares e interlocutor junto às esferas do poder público nas questões de filantropia.

 

Internamente, na Diocese avançamos muito indo ao encontro dos colonos e trabalhadores urbanos desempregados desejosos de uma organização capaz de inspirar um futuro promissor. Até pode ser verdade que Dom Sinésio não é A e nem Z em administração, mas sua diocese foi uma das primeiras do Estado, e quiçá do Brasil que adotou o que de melhor a informatização oferece.

 

Dom Sinésio, porém, é todo o alfabeto, em generosidade e muito dialogal sobre todos os assuntos, atinentes a vida em geral.

 

Dom Sinésio sempre soube conviver com opositores, desejosos de poder. Dom Sinésio e muito misericordioso diante de nossas imperfeições.

 

AUTOR: Frei Albano Roberto Bohn

 

 

Bem-Vindo, Dom Canísio!

 

Eu te conheci na PUC, como aluno de Teologia, até trote para bicho te passei, numa aula de Patrística do mocorongo. Bons tempos aqueles de nossa juventude.

 

Depois te encontrei colega em Lajeado, eu pároco na Paróquia São Cristóvão e tu na Paróquia de Moinhos. Quanto jogo de futebol de salão juntos!

 

Quis a divina ciência que agora eu te conheça bispo em nossa Diocese. Quero, sim, lembrar com atenção as palavras que dirigi a Dom Cláudio Hummes, aos 6 de dezembro de 1975, quando da missa de ordenação, prometi obediência ao meu ordinário.

 

Dom Canísio, seja bem vindo! Gostaria de vê-lo alegre, disposto, perspicaz, próximo, amigo e muito aberto.
Não precisa nem ser santo demais. Assim, serás um bom bispo para todos.
Paz e Bem para todos.

 

AUTOR: Frei Albano Roberto Bohn

 

 

Dom Sinésio, o “Bohn” Pastor



Na última visita que me fez em Brasília, depois de tratar de vários assuntos, Dom Sinésio disse: “Vou contar uma piada que contei há pouco numa roda de bispos. Chegou o costumeiro bebum num velório e achou falta de uma pinga. Tinha os comes, mas não havia os bebes. Começou a fazer a volta nos presentes, todos consternados, para arrecadar uns trocados aqui, outros acolá, até ter o suficiente para um trago. Alguém perguntou-lhe: “E a viúva, não contribui? – Não, meu amigo. Essa, coitada, já entrou com o defunto”.

 

Este é Dom Sinésio, que conheci nos idos dos anos setenta, eu estudante de teologia na PUCRS, ele professor e responsável pelos seminaristas da Arquidiocese de Porto Alegre.

 

Depois, já bispo de Novo Hamburgo, nos reencontrávamos em todas as assembleias do CECA – Centro Ecumênico de Capacitação e Assessoria – que o Pe. Orestes Stragliotto fundara em Caxias do Sul nos anos setenta e que foi, junto com o COM – Centro de Orientação Missionária – um dos grandes animadores pastorais naqueles anos difíceis, por um lado, e, por outro, fonte brasileira e latino-americana de educadores e pastores populares, de animação das CEBs – Comunidades Eclesiais de Base - e das pastorais sociais, de militantes cristãos engajados nas vilas populares, nas comunidades do interior, sempre prontos a defender os direitos dos pobres e dos trabalhadores. Dom Sinésio acolheu o CECA e o Pe. Orestes (bem como ao vizinho CEBI – Centro de Estudos Bíblicos) em São Leopoldo, dando-lhes a boa bênção e o apoio necessário a seu trabalho missionário.

 

Dom Sinésio sempre teve essa visão e prática missionária, de quem enxergava longe, de quem acolhia todos os pensamentos, especialmente os mais avançados e proféticos, na linha do Concílio Vaticano II.

 

Finalmente, torna-se meu bispo na diocese de Santa Cruz do Sul, nas primeiras décadas ‘in pectore’, e a partir de 2009 de fato e de direito, porque resolvi voltar à terrinha e às origens: pagando todos os atrasados, tornei-me sócio da comunidade São Luiz, vila Santa Emília, paróquia de Mato Leitão.

 

Seguidas vezes nos encontrávamos, seja na Romaria em Santa Cruz, em missas, crismas e visitas pastorais em diferentes paróquias e comunidades da diocese, e nos últimos anos também em Brasília, quando vinha tomar um cafezinho no meu gabinete e levar alguns pedidos e encaminhamentos a mim e ao seu amigo Gilberto Carvalho, Chefe de Gabinete do presidente Lula. 

 

Uma vez, há uns três anos, no final da procissão de São Sebastião, em Venâncio Aires, eu e Olívio Dutra fomos cumprimentá-lo. Fez questão de enviar um recado para o presidente Lula: “Diz pro Lula e pro Gilberto que é pra continuar assim. Vocês estão no caminho certo, sempre com prudência, mas com firmeza e cuidando dos pobres”. 

 

Nomeado bispo em 1977, assumiu como lema episcopal “Omnes unun sint” - Que todos sejam um. Eis o que pode resumir o ‘Bohn’ – Bom pastor: a busca permanente da unidade, reconhecendo sempre a diversidade, o respeito ao outro e ao diferente, a visão ecumênica, como responsável pelos setores de Ecumenismo e do Diálogo Inter-religioso na CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil -, como presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), e uma preocupação permanente com a juventude, tendo sido também responsável pela Pastoral da Juventude da CNBB.

 

Dom Sinésio sempre foi homem do diálogo e do acolhimento. Simples como as pombas, capaz de contar boas piadas com toda simplicidade, um sorriso permanente nos lábios, mas ao mesmo tempo capaz de pensar adiante, preocupado com a comunicação hoje tão necessária, com a difusão ampla e moderna da mensagem de Jesus e do Reino, apoiador das boas causas dos pequenos agricultores, da agricultura familiar, dos sem-terras, dos desempregados, dos trabalhadores em geral.

 

Dom Sinésio se despede das responsabilidades diretas da diocese, mas como me disse na última conversa em Brasília e em declarações públicas, como Bom Pastor continuará a serviço onde for mais necessário, ou onde lhe solicitarem, homem, presbítero e bispo acolhedor, sempre disponível, que nunca recusa a boa causa e o bom pastoreio.

 

Longa vida, Dom Sinésio. Obrigado por tudo, por enquanto. E que Dom Canísio tenha a sabedoria e a santidade de continuar seu caminho e exemplo.


Por Selvino Heck





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