Cidadãos do Infinito




Jesus Cristo
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10/02/2012
APLAINAI OS MONTES E VALES


Quando Nosso Senhor elogia João Batista (Mateus 11, 7-9), Ele realça com clareza a vontade firme e o empenho de João Batista em cumprir a missão que Deus lhe tinha confiado. As características da personalidade de João são: a humildade, a austeridade, a coragem e o espírito de oração. Cumprir com perfeição a missão de ser o Precursor do Messias – merecia certo louvor:

“João Batista é o maior entre os nascidos de mulher” (Mateus 11, 11); “o archote que ardia e alumiava” (João 5, 35). Ardia pelo seu amor, brilhava pelo seu testemunho. Cristo “era a luz” (João 1, 9); João Batista “veio... para dar testemunho da luz, para que todos cressem por ele” (João 1, 7).

João Batista pregou a necessidade de fazer penitência. Ele prepara “o caminho do Senhor”. É o simples pregador da Salvação; é a voz que anuncia. João Batista proclama: “Vem (...) aquele a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias”  (João 1, 27). Por isso O assinala: “Eis o Cordeiro de Deus” (João 1, 29-36), eis aí o “Filho de Deus” (João 1, 34); e vê com gozo que os seus próprios discípulos vão com Cristo (João 1, 37). “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3, 30).

Conforme está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, tornai retas suas veredas; todo vale será aterrado, toda montanha ou colina será abaixada; as vias sinuosas se transformarão em retas e os caminhos acidentados serão nivelados. E toda a carne verá a salvação de Deus”.

O que significa ser salvo? E salvação? É possível ver a salvação?

Ser salvo quer dizer ser arrancado do mal, ser libertado... Ser abraçado pelo bem, participar de forma irreversível no Bem: inalterável e definitivo...

Diz o Profeta Isaías: “Deus vos salvará” “Toda a humanidade verá a salvação de Deus”... Sabemos que a salvação vem de Deus para o homem e de Deus somente... Nossa existência neste mundo visível não nos faz participar no bem inalterável e definitivo.

O conjunto de todos os bens que existem no mundo, não é capaz de “salvar” o homem, ou seja, de livrá-lo de todo mal. Muito pelo contrário, o homem sente sim, a ameaça de toda sorte de males.

Mas Deus afirmou que quer salvar a humanidade não só por meio de Isaías e de todos os profetas, também o disse por Nosso Senhor Jesus Cristo, e o diz constantemente através da Igreja, de modo muito particular na Quaresma e no Advento.

“Preparai o caminho do Senhor” (Is 40, 3). Mas como o homem prepara o caminho do Senhor e endireita as suas veredas?

- Quando examina a própria consciência,

- Quando perscruta as suas obras, palavras e pensamentos,

- Quando não hesita em confessar os seus pecados no Sacramento da Penitência, arrependendo-se e fazendo o propósito de não pecar mais. Isto significa “endireitar as veredas”.

Isto significa também receber a boa nova da salvação. Cada um de nós pode “ver a salvação de Deus” no próprio coração e em sua consciência, participando no mistério da remissão dos pecados, como em Seu próprio Advento. Deste modo professa que Cristo é “o Cordeiro de Deus”, Aquele que tira o pecado do mundo.

Quando João Batista apresenta-se às margens do Jordão como “voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Lucas 3, 4), ele não exorta a construir caminhos materiais, porém, a preparar os corações para acolher o Messias já chegado e que está para iniciar a sua obra. Por isso João pregava “um batismo de penitência para a remissão dos pecados” (Lucas 3, 3). Converter-se quer dizer purificar-se do pecado, endireitar as tortuosidades do coração e da mente, aplainar os desmoronamentos da inconstância e do capricho, abater as pretensões do orgulho, vencer as resistências do egoísmo, destruir as asperezas nas relações com o próximo, fazer enfim da própria vida um caminho reto para Deus, sem tortuosidades” (Pe.Gabriel - Intimidade Divina)...

Programa que não se esgota neste tempo da Quaresma nem no Advento, mas que em cada momento de nossa vida devemos cumprir de modo novo, mais profundo, a fim de preparar-nos para a vinda do Salvador.

Só assim, todos os homens verão a salvação de Deus (Lucas 3,6).

“Assim João Batista afirmava ao referir ao profeta Isaías, que os vales da desconfiança seriam cheios e fecundados pela vinda do Messias; os montes da soberba e os outeiros da vaidade seriam abatidos e arrasados; os caminhos tortuosos da hipocrisia se tornariam direitos, e os que fossem ásperos pelos ódios e enganos, se fariam planos e suaves, porque todos os homens veriam o Salvador.” (D. Duarte Leopoldo) 

APLANAI OS MONTES

Os cumes a derrubar são os cumes eriçados e gélidos do ódio e rancor. Corações onde há rancor, desejo de vingança, ódio... Nosso Senhor não reconhecerá como Seus, e aí não entrará nem permanecerá.

“Por isto vos reconhecerei como meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 8, 35).

“Se estiveres para te apresentar ao altar e te lembrares de que há uma rusga entre ti e teu irmão, volta para trás, e vai primeiro reconciliar-te com ele” (Mateus 5, 23-24).

“Se teu irmão prevaricou contra ti, perdoa-lhe. E, mesmo quando prevaricasse setes vezes ao dia, se sete vezes ao dia ele viesse pedir-te perdão, sempre deverias perdoar-lhe” (Lucas 17, 3-4).

Diante da vinda iminente de Nosso Senhor, devemos nos dispor interiormente a fazer penitência dos nossos pecados, consertar nossa vida, isto significa esse aplanar os montes, corrigir e suavizar os caminhos dos quais fala João Batista. É preciso purificar nossa alma mediante uma renovada conversão interior.

Aplanar as colinas da soberba

Devemos ter uma vida humilde, sem honrarias mundanas, e retirar-nos da vida rumorosa da sociedade para a solitária paz do “deserto”. Mas é preciso vencer a tentação de voltar a ser honrado, rico e “feliz”.

Jesus deixou o Palácio real do Céu e o trocou pelo estábulo dos jumentos! Ele era inocente e tomou sobre Si a vergonha dos pecadores e o seu suplício. Já parastes para pensar: Será que foi em vão, o Filho de Deus ter feito tudo isto? Não deu Ele exemplos para que os homens O pudessem imitar?

Mesmo que os homens te olhem com malícia, tenhas um rosto alegre.

Há muita soberba em nossa vida e a maior parte das nossas culpas vem dela.

Somos soberbos com Deus

Cada dia recebemos DELE infinitos benefícios: Ele nos conserva, dá-nos as forças e a inteligência para o trabalho, abençoa os nossos negócios e as nossas famílias, não nos deixa faltar o pão, ajuda-nos nas tentações e santifica-nos com os sacramentos. E, no entanto, nós nunca ou quase nunca Lhe agradecemos; antes, acreditamos que todos esses benefícios nos vêm da nossa: esperteza, atividade e disposição. Isto é soberba.

E o que fazemos quando nos sobrevêm doenças, ou desgraças nos negócios, ou outras dores? Não fazemos outra coisa a não ser lamentar da injustiça de Deus à nosso respeito e muitas vezes até blasfemamos. Pensar que somos pecadores, que mereceríamos outros e mais terríveis castigos, isto jamais! Isto é a mais perfeita flor de soberba.

O que levam muitos a criticar a providência Divina? “Por que razão Deus permite assim?”... “Seria muito melhor se Ele não tivesse permitido estas coisas”. “Se Tu existes realmente, ó Deus, dê sinal de vida...” Isto é ser soberbo com Deus.

Somos soberbos com o próximo

Ao recebermos uma ofensa, mesmo pequena, guardamos em nós por meses e até anos, e a fantasiamos, enquanto esperamos com raiva e alegria o momento de vingar-nos.

E se fazemos um favor a alguém, e este alguém logo nos esquece, tão logo lançamos isto em seu rosto.

No entanto, dos benefícios, e não poucos e não pequenos, que recebemos, logo perdemos toda gratidão.

Em resumo, parece que todos devem se inclinar a nós, e não devemos inclinar-nos a ninguém. Isto é soberba!

O que é a insensatez de querer sempre estar sempre a frente de todos, em especial na família, onde quer sempre ter razão? Isto é soberba. Pois disto vêm as desobediências, as discórdias no seio das famílias e também todos os rancores.

Aplanai as colinas! Por amor a Deus, que Se aniquilou fazendo-Se homem e morrendo por nós em uma Cruz; sufoquemos a nossa soberba. Cessemos uma vida feita de obras de soberba, e comecemos uma vida humilde e sincera. Aproveitemos este Tempo da Quaresma que nos resta, vamos deixarmos morrer junto a Nosso Senhor Jesus Cristo o homem velho, para que possa renascer um homem novo junto a Ressurreição de Nosso Senhor.

Orai e confiai junto ao Senhor, é tempo de reconciliar com Deus e os irmãos, tempo de esquecer toda ofensa, e ficar em paz com todos, compadecer de todos, amar a todos: eis a vida nova em Cristo Jesus.

ENCHEI OS VALES

Os vales que devemos encher são pantanosos e maláricos, deles exala um ar gerador de febres, são os dos prazeres sensuais, dos afetos mórbidos e dos desejos impuros.

Jesus o Filho de Deus, não Se importou com casa, riquezas nem com berço, nasceu em um estábulo, só uma coisa Ele não dispensou: a pureza, assim nasceu de uma Virgem.

Assim aqueles que nesta Páscoa forem achados com o coração puro: serão inundados de toda a graça da Ressurreição de Nosso Senhor, estes sentirão a beleza e o fascínio desta virtude – a pureza - que nos torna capazes de ver a Deus, gozarão a paz prometida pelos Anjos aos homens. A vida nova não poderá ressurgir naqueles que são incapazes de mortificar os sentidos e o coração, ou seja, “onde os demônios dançam e as sereias fazem ninho”, como dizia São Jerônimo.

Preenchei os vales do pecado com a graça

Consideremos neste instante o nosso coração, sobre ele passou a áspera guerra das paixões: os negros instintos da carne predominaram, sufocaram e deceparam as boas inspirações; o demônio consumiu a nossa alma com as suas espertezas despedaçando-a aqui e acolá; os pecados, quais metralhadoras desastrosas, arruinaram-nos, e derrubaram tudo o que com paciência e sacrifício havíamos edificado por dias, meses e anos. Os nossos méritos, o fruto de tantas preces, a graça, beleza suprema da alma, tudo, tudo perdemos, e agora não nos resta senão a vergonha de havermos cedido ao mundo, à carne, ao demônio; e agora não nos resta senão a nossa deplorável ruína.

Mas eis que a Ressurreição (Páscoa) está próxima, Jesus quer que ressuscitemos com Ele, que sejamos transformados, que nosso coração e nossa alma sejam um Céu onde Ele pode reinar.

Preparemos-Lhe a estrada do nosso coração, Preenchamos os vales!

É necessário fazer uma boa confissão antes da Páscoa, a qual nos tornará a encher da graça, a qual varrerá as carniças e os escombros do pecado, de nossas almas.

Olhando para dentro de nós, enxergaremos a ruína da nossa alma, Jesus chorará; mas Ele é tão bom, que terá para nós palavras de consolação e de coragem. Reedificará o que foi destruído, e com Seus Braços ajudar-nos-á a lutar contra o demônio e a não mais  nos deixarmos enganar e vencer.

Jesus Ressuscitou e Ele vem: preenchei os vales!

Façamos uma sincera Confissão - Individual à um Sacerdote, enfraqueçamos e trituremos, com verdadeira dor, a estátua dos nossos pecados e das nossas paixões. Que nesta Páscoa e quando o Senhor voltar, ELE não encontre de pé nem predominante em nós a imagem do demônio!

 








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