Cidadãos do Infinito




Doutrina Católica
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15/06/2021
Por que fazer uma boa confissão?
Deus deseja nos mover para as coisas celestes. Para isso, ele nos concedeu um organismo espiritual, capaz de responder aos seus estímulos. Se, contudo, o homem peca gravemente, esse mesmo organismo é ferido de morte, necessitando a alma de um “reavivamento”, que lhe traga de volta a vida sobrenatural.


O Batismo confere ao ser humano um organismo sobrenatural ou espiritual, cujo desenvolvimento depende necessariamente do alimento da fé, a saber: a oração e os sacramentos. Se, contudo, o homem peca gravemente, esse mesmo organismo é ferido mortalmente, pelo que a alma necessita de um “reavivamento”, por assim dizer, que lhe traga de volta a vida sobrenatural perdida com o pecado. Disso provém a urgência do sacramento da Penitência, por meio do qual o homem pode recuperar a graça santificante, acusando-se de todas as faltas graves de que se recorda — o que pressupõe um bom exame de consciência —, com verdadeiro arrependimento e firme propósito de nunca mais pecar.

À primeira vista, o propósito de “nunca mais pecar” pode parecer exagerado. Todavia, nenhum homem promete à sua esposa “esforçar-se” para não cair em adultério. Ele promete não cair. Do mesmo modo, temos de manifestar a firme decisão de cumprir a vontade de Deus em todas as ocasiões, mesmo nas mais adversas, pois o pecado nunca pode ser uma opção aceitável. De fato, o pecado é, e sempre será, um obstáculo à salvação, de modo que ninguém pode salvar-se em estado de pecado mortal.

O Concílio de Trento orienta os fiéis a sempre declararem “na confissão todos os pecados mortais de que se sentirem culpados, depois de feito um diligente exame de consciência, ainda que sejam os mais ocultos e cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo” (Doutrina sobre a penitência, Sessão XIV). Devem ainda enumerar as vezes em que caíram em determinada falta, explicitando também “aquelas circunstâncias que mudam a espécie do pecado”, como, por exemplo, o homossexualismo, o adultério, o fratricídio etc. (cf. Doutrina sobre a penitência, Sessão XIV).

Tendo, pois, ordenado o ser humano à felicidade, não deste mundo, mas do céu, Deus quer levar-nos à glória eterna pela participação de sua própria vida divina. Mas isso só é possível se Ele mesmo tomar a iniciativa e agir em nós por sua graça, já que a vida de Deus, estritamente sobrenatural, está acima das exigências e possibilidades de qualquer natureza criada. Por isso, o Senhor concedeu a cada um de nós um organismo espiritual, que, uma vez vivificado pela graça habitual, permite que estejamos unidos a Ele em Cristo e por Cristo.

Ora, mesmo modificada qualitativamente pela presença da graça habitual, nossa alma ainda precisa de “órgãos” para agir, ou seja, de potências sobrenaturais capazes de operar na mesma ordem em que se encontra a vida divina que a anima. A atuação dessas potências, por sua vez, só é possível mediante certas virtudes, sob a moção da chamada graça atual, tema esse que estudaremos com mais detalhe nas próximas aulas.

O que deve ficar claro, à vista de tudo isso, é que a vida espiritual e o conseguinte progresso na santidade só são possíveis sobre a base de um organismo espiritual vivo e sadio, o que significa, no fundo, manter-se em estado de graça, seja por um ato de contrição perfeita, seja por uma confissão sacramental bem feita (o que inclui, além da acusação detalhada de todos os pecados graves de que se tenha consciência, o propósito firme e sincero de não tornar mais a pecar contra Deus).

Pois bem, dado que a graça da contrição perfeita é relativamente rara, sem contar a dificuldade de termos a certeza (mesmo moral) de havê-la realizado, o sacramento da Penitência é o meio ordinário e principal, instituído para esse fim pelo próprio Cristo, de recuperarmos a graça habitual e termos restaurado o nosso organismo espiritual. A chave para o início de uma vida espiritual verdadeira e promissora, por conseguinte, é o recurso constante, diligente e bem preparado à Confissão, segunda tábua de salvação para os que, depois do Batismo, tiveram a infelicidade de perder a justiça anteriormente recebida.

 

ENGENHARIA DA SANTIDADE - PADRE PAULO RICARDO




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